Em tempos de excesso de informações, compromissos e performatividade constante, em que é preciso produzir mais o mais rápido possível, o conceito de Slow Medicine é um divisor de águas.
Neste texto, vamos explicar o que é Slow Medicine, como esse conceito surgiu, qual é a importância para a área da saúde, quais são as principais características desse modelo e como a clínica médica pode se beneficiar.
O que é Slow Medicine?
Slow Medicine é um método de trabalho ou uma filosofia aplicada pelo médico para o paciente ser tratado com maior cuidado e paciência. A ideia é não focar tanto no sintoma, mas na pessoa.
Em português, Slow Medicine pode ser traduzido como “Medicina Lenta” ou “Medicina Sem Pressa”. Trata-se de uma postura profissional que visa dar mais atenção ao paciente, deixando-o se expressar sem ficar preocupado com o tempo da consulta.
Também é uma contrapartida em relação aos métodos atuais de atividade médica, em que o profissional atende a uma série de pacientes por dia, na linha de “quanto mais, melhor”. Com Slow Medicine, o médico atende a menos pacientes e cria uma conexão mais profunda com quem busca atendimento.
O atendimento humanizado é um diferencial
Atender ao paciente de forma humanizada, buscando compreender as dores, deixando-o falar com calma e expondo os sentimentos faz toda a diferença. Muitas vezes, os médicos dão muita importância para a parte biológica, mas esquecem do emocional e do sensorial.
A qualidade da consulta e a satisfação do paciente passam por esses pontos e têm tudo a ver com Slow Medicine. O profissional para um pouco de se preocupar com a parte objetiva, técnica e mecânica do trabalho, buscando uma relação mais humana entre médico e paciente. Nessa perspectiva, Slow Medicine é uma tendência em crescimento no ambiente da saúde.
Como o conceito de Slow Medicine surgiu?
Slow Medicine vem de um processo constante de reflexão sobre as mudanças na sociedade e a aceleração em tempos pós-modernos. O princípio ocorreu na Itália, em 1986. Inicialmente, não teve nada a ver com Medicina.
Pessoas protestaram na inauguração de uma pizzaria conhecida de Roma. Conhecido como Slow Food, o movimento recusava a “comida rápida”, assim como buscava resgatar o ato de comer mais devagar e degustar o alimento com tranquilidade.
Inspirado nesse protesto, Alberto Dalora, um cardiologista italiano, criou um texto intitulado Convite a Slow Medicine, 2002. No conteúdo, ele trouxe uma crítica à velocidade desenfreada da vida e propôs atitudes que seguiam o caminho inverso, ou seja, desacelerar.
A comparação entre os eventos de 1986, fazendo relação entre “fast food” e “slow food”, é apresentada pelo Dr. Dalora no texto. Ele propôs que algo nesse sentido fosse feito na Medicina. Daí o termo Slow Medicine.
A evolução da filosofia Slow Medicine
Com a iniciativa do Dr. Dalora, a filosofia Slow Medicine começou a ganhar força, tornando-se uma prática médica. Em 2008 o médico Dennis McCullough desenvolveu a obra Minha Mãe, Sua Mãe.
No livro, o autor traz exemplos e aprimora o conceito de Slow Medicine, principalmente focando no tratamento de idosos. O objetivo é o atendimento humanizado, com ênfase na relevância de educar e conscientizar amigos, cuidadores e parentes sobre como cuidar dos idosos.
Então, começaram a surgir outros livros dedicando-se aos praticantes da Medicina Lenta. O mais interessante é que, independentemente da especialidade, qualquer profissional de Medicina pode adotar essa prática. Assim, hoje, muitos países destacam-se nesse aspecto.
O conceito de Slow Medicine no Brasil
Slow Medicine como conceito tem sido desenvolvido no Brasil há algum tempo. Hoje, já está presente em algumas universidades, como PUC de Goiás, LASMAL e CESMAC do estado de Alagoas e LACASME de Minas Gerais, por meio de ligas acadêmicas.
Em 2020, foi realizada a primeira jornada de Slow Medicine no Brasil, desenvolvida exatamente pelas três ligas citadas acima. De lá para cá, a quantidade de ligas aumentou em todo o país.
No entanto, a principal referência nesse assunto é o site Slow Medicine Brasil, coordenado por médicos. Ele contém muitos textos sobre o assunto, feitos pelos próprios profissionais. Os médicos também trabalham realizando podcasts e vídeos para o YouTube, sempre abordando os temas ligados a Slow Medicine.
A importância do Slow Medicine na sua clínica
Com certeza, implantar a filosofia Slow Medicine no ambiente da clínica médica é um diferencial para os pacientes se sentirem mais acolhidos, respeitados e bem cuidados.
Muitas clínicas preocupam-se demais com a agilidade no atendimento para atenderem a mais pessoas e, consequentemente, gerar mais lucro. Porém, o oposto pode ser mais lucrativo ainda.
Atender e cuidar das pessoas com calma, paciência e humanidade tem potencial de gerar pacientes fiéis, que sempre voltam e ainda propagam a clínica, comentando com parentes, amigos e conhecidos.
Slow Medicine Brasil
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