Planejamento financeiro para médicos 

Planejamento financeiro para médicos 

A profissão de médico conta com diversas oportunidades de trabalho, seja como empregado, seja como dono de um consultório ou clínica. A remuneração média é boa e, muitos, de fato, têm a chance de conseguir boas somas de dinheiro.

No entanto, outra característica dos médicos é que, normalmente, eles ganham bem enquanto trabalham e, quando param de trabalhar, não ganham nada ou muito pouco. Assim, é fundamental a reflexão: como o médico deve se organizar e se planejar financeiramente para que tenha liberdade financeira no futuro e não precise trabalhar para sempre? 

Antes de aprofundar esta reflexão, uma ressalva. Você pode pensar que médicos donos de clínicas já bem sucedidas, com um bom sistema de gestão e finanças sob controle não precisam se preocupar com isso. A verdade é que raros médicos conseguem (ou mesmo desejam) estruturar uma clínica que funcione sem a sua atuação. E, mesmo que o médico seja 100% gestor de uma clínica, será que, no dia em que não quiser ou não puder mais gerir seu negócio, ele continuará funcionando bem?

Assim, este artigo também é para este médico que possui sua empresa. Pensando naquela máxima de separar a pessoa física da jurídica, queremos aprofundar como fazer um bom planejamento depois que a PJ distribui lucros para a PF. 

Sistema de controle financeiro para clínicas

1º passo: organização financeira 

Olhando para sua vida pessoal, é fundamental ter uma boa organização financeira. O básico aqui é você ter um bom controle de receitas e despesas. 

Qual a sua despesa média mensal? Se você não possui isso claro, precisa começar com um levantamento de despesas. Existem alguns aplicativos e planilhas que podem te ajudar com isso. Nem sempre é necessário anotar todos os seus gastos, detalhadamente, no dia-a-dia, mas ter clareza sobre todas as suas contas e média do custo de vida, incluindo lazer, é fundamental.  

Do lado da receita, se ela oscila mês a mês, é importante saber qual a sua receita mínima e a média. Feito isso, você consegue saber o resultado do seu orçamento pessoal/familiar, ou seja, o quanto sobra mensalmente. Os especialistas recomendam que você viva com, no máximo, 70% do que ganha, e direcione 30% para seu planejamento financeiro (que, como veremos a seguir, é algo bem mais amplo do que só juntar dinheiro). 

Se você não consegue fazer sobrar, no mínimo 30% do que ganha, precisa aprofundar suas despesas para ver se há onde reduzir algo. Comece revisando suas maiores contas e vá descendo para as menores. Muitas vezes com uma ou duas ações assertivas você já consegue resolver a situação. Por exemplo: o plano de saúde seu e de sua família, normalmente, é um dos maiores boletos que você paga e, muitas vezes, há como reduzi-lo bastante trocando de operadora ou passando a fazer um plano de saúde empresarial, se tiver esta chance. Uma consultoria especializada pode te ajudar com isso. 

Equacionadas as contas, sobrando 30% ou, preferencialmente, mais do que isso, mensalmente, vamos ver como direcionar este recurso de forma inteligente para diferentes objetivos, principalmente o da sua independência financeira. 

2º passo: gestão de risco 

Uma vez que você já está com as contas de sua pessoa física equilibradas, é importante ter uma gestão de risco para que o seu planejamento seja sólido e seguro. Afinal, imprevistos acontecem e nem sempre temos uma segunda chance. 

Mas, afinal, o que pode acontecer na vida que pode interromper sua capacidade de ganhar e juntar dinheiro para seus objetivos? Vamos a um exemplo. Imagine um cirurgião que ganha uma média de R$ 60 mil por mês com suas cirurgias. Voltando de uma viagem no fim de semana, ele se envolve em um acidente de carro, sua mão direita fica presa nas ferragens e ele vem a perder seu polegar de modo irremediável. Como ele vai operar agora, sem o polegar? Pense agora em um acidente que torne um médico paraplégico, como isso impacta sua carreira e, consequentemente, suas finanças? Ou um diagnóstico de uma doença grave, como um câncer. Todos estes eventos tiram qualquer um dos trilhos. 

Imagine agora que, se um destes imprevistos acontecerem, o médico recebe um montante suficientemente grande que compense tudo aquilo que ele vai deixar de ganhar pelo impacto do acidente ou da doença? Com um instrumento destes, o médico pode trabalhar e viver com tranquilidade, certo de que, tudo dando certo ou algo dando errado, ele vai alcançar seus objetivos financeiros. Este é o seguro de vida, que muitas pessoas negligenciam ou pensam que é algo só para morte – que é uma cobertura importante, principalmente para quem tem filhos pequenos, mas há muitas outras proteções. 

Há outros riscos que os médicos também devem ter seguros, como o chamado “processo contra erro médico”. Para isso, existe o seguro de Responsabilidade Civil Profissional que, caso o médico seja acionado judicialmente ou até extrajudicialmente, ele terá amparo técnico e financeiro para se defender, fazer um possível acordo ou, no pior caso, pagar uma possível pena sem se descapitalizar.  

Por fim, carro, casa e outros bens de maior relevância também podem ter seus seguros para casos de perda por incêndio, roubo ou outros imprevistos. Tudo isso faz parte da gestão de risco. 

3º passo: investimentos 

Uma vez que você se organizou financeiramente, está ganhando mais do que gasta, e fez uma gestão de risco para proteger aquilo que já conquistou, principalmente sua capacidade de gerar renda, agora você pode investir com tranquilidade. E aqui, há um monte de questões a se considerar. 

A melhor maneira de escolher e organizar seus investimentos é orientando-se pelos seus objetivos de curto, médio e longo prazos. Para cada tipo e prazo de objetivos, há um investimento mais recomendado. Por exemplo, para uma reserva de emergência, que é um investimento para curto prazo, que precisa ser conservador e ter liquidez, você poderia pensar em alguns fundos DI, Tesouro Selic, alguns tipos de CDB e, em alguns casos, até na caderneta de poupança. 

Já para trocar de carro daqui a três anos, amortizar boa parte do seu financiamento imobiliário daqui a dois anos ou fazer uma grande viagem com a família daqui a um ano, há outras classes de ativos que vão funcionar melhor.  

Para a faculdade dos filhos que hoje são crianças, algum intercâmbio, ou comprar um apartamento para investir, objetivos para mais de oito ou dez anos, há opções ainda diferentes das anteriores que funcionam bem. 

Mas há um objetivo de longo prazo que todos os médicos deveriam se preocupar. Ele é tão importante que se tornou um pilar independente nas mais consagradas metodologias de planejamento financeiro internacionais: o planejamento de aposentadoria. 

fluxo de caixa

4º passo: planejamento de aposentadoria 

Com quantos anos você gostaria de se aposentar? Essa é uma pergunta cuja resposta varia muito de pessoa para pessoa e, nos casos dos médicos, algumas vezes escutamos que não querem parar de trabalhar nunca.

Trabalhar até uma idade avançada pode ser muito nobre e até saudável para a mente, mas você pode não ter saúde ou mesmo vontade de fazer isso lá na frente, de modo que não é bom contar com isso. Vamos considerar que aposentadoria é um momento da vida em que você já não precisa da renda do seu trabalho para viver bem, pelo resto de sua vida. Você tem liberdade financeira.  

No planejamento de aposentadoria, quanto antes você começar, melhor. O tempo é seu maior aliado, pois o dinheiro investido por muito tempo se beneficia muito dos juros compostos, o famoso efeito bola de neve. Por outro lado, se você sempre viver uma vida imediatista e despertar para a necessidade de se aposentar aos 65 quanto tiver 50 e poucos, o esforço para chegar lá será muito maior. 

Para este planejamento, podemos considerar a previdência social, mas é importante utilizar outros investimentos como complemento e para mitigar riscos políticos e econômicos da parte pública. Aqui, a previdência privada é uma excelente classe de ativos por vários motivos como, por exemplo, suas garantias, vantagens tributárias e versatilidade. Investimentos internacionais também costumam se destacar aqui, principalmente para diversificar o risco país. 

5° passo: planejamento tributário 

Como pagar menos impostos, legalmente, para que sobre mais para todo o resto de seu planejamento financeiro? Esta é uma parte que pode fazer uma boa diferença em sua vida financeira.  

As estratégias podem variar bastante dependendo da pessoa e seu perfil profissional. Um bom exemplo, no entanto, se você tem uma boa parte de sua renda entrando sob a forma de salário ou outro tipo de renda tributável, seria investir em PGBL até um máximo de 12% desta renda. Com isso, você fica isento de pagar Imposto de Renda sobre esta parte dos seus rendimentos naquele ano. Quando você for resgatar o dinheiro daqui a 10 anos ou mais, vai pagar apenas 10%. Ou seja: você trocou uma alíquota de 27,5% hoje por uma de 10% só daqui a 10 ou mais anos. 

Um bom advogado tributarista, planejador financeiro ou contador especializado poderá te ajudar neste planejamento tributário já que, como disse, as soluções podem variar muito de uma pessoa para outra. 

6º passo: planejamento sucessório 

Por fim, com sua vida financeira toda em dia e prosperando, é importante pensarmos em como facilitar e maximizar a transmissão de nossos bens aos nossos entes queridos no dia em que partimos. Esta é uma parte que possui várias soluções jurídicas e financeiras e a melhor pra você vai depender da complexidade de sua vida familiar e seus desejos. 

Para a maioria das pessoas, que não pensam ou não precisam planejar uma partilha de modo específico, o seguro de vida e a previdência privada são ótimos instrumentos para o planejamento sucessório.  

O seguro de vida vitalício é o melhor, neste caso, e pode ser contratado pensando em quanto a família precisará ter para custear o inventário algum dia (processo para acessar a herança), que custa, em média, 15% do patrimônio deixado.

O conceito aqui é comprar um valor que será entregue à família no dia em que você vier a faltar e, se feito enquanto você ainda é razoavelmente jovem e saudável, por um custo muito menor do que o valor da cobertura. Este dinheiro é liberado para os beneficiários em até 10 dias, livre de imposto de renda e livre de imposto de herança (ITCMD). 

A previdência privada também é um bom instrumento pois, até o momento, não entra em inventário. Porém, a tendência é que ela seja cobrada do imposto de herança e é mais sujeita a mudanças de legislação que, eventualmente, podem reduzir outras vantagens suas para fins sucessórios. 

Conclusão

O planejamento financeiro para médicos é muito importante, uma vez que a maioria é autônomo, tem potencial para ganhar bem, mas também trabalham bastante, em geral. Vimos que planejamento financeiro pessoal é muito mais do que apenas juntar dinheiro, e é fundamental o médico pensar de forma ampla neste assunto. Contar com uma boa e confiável consultoria financeira, geralmente, é um bom caminho para um trabalho mais assertivo e demandando menos tempo do médico. 

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